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domingo, 17 de junho de 2012
Rickson Gracie resgata origens e critica MMA moderno: ‘não tem nada de interessante’
Durante a carreira, Rickson Gracie subiu em tatames e ringues 460 vezes oficialmente. Venceu todas e adquiriu status de lenda. A seu lado, o companheiro fiel em todas as empreitadas: o Jiu-Jitsu, arte marcial japonesa repaginada no Brasil por seu pai, Hélio, e praticada como religião pelos inúmeros membros do clã há mais de 80 anos.
Conforme a arte suave ganhava notoriedade mundial com o boom nos anos 1990, Rickson engrossava o currículo com vitórias marcantes. Hoje aos 51 anos, a idade e consequências físicas mais severas dos anos como competidor finalmente o fizeram ‘pedir água’, mas apenas de forma indireta. Para sanar a obsessão por vitórias e manter a motivação em dia, persiste em lapidar a joia mais preciosa da família. Após quase duas décadas em Los Angeles (EUA), voltou ao Rio de Janeiro e caiu na estrada para ministrar seminários pelos quatro cantos do País.
O circuito de palestras e treinos - que semana passada esteve em São Bernardo, no ABC paulista (onde foi realizada esta entrevista exclusiva) -, já esteve em 15 cidades brasileiras. O próximo passo de Gracie será retornar ao Japão, onde lançará livro de auto-ajuda intitulado ‘O Caminho da Invencibilidade’. “Tudo na vida é baseado em estratégias, você precisa ser invencível em muita coisa no dia-a-dia”, ele diz. “Chamo isso de conceito do poder invisível. Em nosso caso basicamente utiliza a parte teórica e filosófica do jiu-jitsu como apoio para melhorar a rotina em aspectos de cumplicidade, perseverança, paciência e sucesso”.
O tom doutrinário de Rickson segue na prática de cada movimento do seminário. Cerca de 100 alunos ouviram e praticaram atentos os ensinamentos do aclamado atleta. O foco residiu sobre detalhes específicos relativamente esquecidos em cada fundamento. “Essência e base são fatores que fazem as pessoas e compreender valores. É justamente nisso que reside meu trabalho agora”, explica.
Sem graça - Participante do vale-tudo na época em que as disputas eram travadas praticamente sem regras e sem tempo de duração determinado, Gracie desaprova o panorama do MMA atual.
Ele afirma que sente falta quando as disputas do tipo eram usadas apenas para saber qual estilo de luta era o melhor, e categoriza a modalidade de hoje como esporte extremo e calcado no puro atleticismo. “Não tem mais nada de interessante. Todos treinam do mesmo jeito e sabem as mesmas coisas. Com tempo de duração curto de cada round, não há mais como traçar táticas defensivas e baseadas na paciência para vencer, que é o que prega nossa arte. O MMA é quase todo baseado na loteria de trocar golpes. Aí dá para ter um campeão por semana”, criticou.
“Os campeões (de MMA) pensam que são bons, mas ninguém sabe se defender. Aquela postura do (Rodrigo) Minotauro, do ‘bate na minha cara que bato na sua’, é incondizente. Lutador de jiu-jitsu tem de subir no ringue para aproveitar os erros do adversário e sair de cara limpa. Paciência não é passividade. A precisão técnica da arte que permitia sobreviver nas situações mais difíceis se perdeu”, concluiu Rickson, que mesmo sem concordar com a dinâmica atual, destaca o peso médio paulista Demian Maia como o grande representante da arte suave dentro do MMA.
“Ele ainda mantém a semente em alguns aspectos. Mas se ficar muito nessa de aprender boxe, vai se confundir. Meu pai sempre me disse que nunca lutou para vencer, e sim para não ser derrotado. Isso resume tudo”, concluiu.
Fonte: Yahoo
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