Total de visualizações de página

terça-feira, 10 de julho de 2012

Afinidade



Afinidade é um dos poucos sentimentos
que resistem ao tempo e ao depois.

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais
sutil, delicado e penetrante
dos sentimentos. É o mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as
distâncias, as
impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer
reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que
foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma
vitória do adivinhado
sobre o real. Do subjetivo para o objetivo. Do
permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não
precisa de códigos verbais
para se manifestar. Existia antes do conhecimento,
irradia durante e
permanece depois que as pessoas deixaram de estar
juntas. O que você tem
dificuldade de expressar a um não afim, sai simples
e claro diante de alguém
com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito
dos mesmos fatos que
impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar
conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior
ao entendimento.
Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem
sentir para, nem sentir por,
nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas
sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para
eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que
está sentindo. É olhar e
perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é
falar, jamais explicar:
apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por,
confunde afinidade com
masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se
contaminar. Compreende sem
ocupar o lugar do outro. Aceita para poder
questionar. Quem não tem
afinidade, questiona por não aceitar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais
esperanças. É conversar no
silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto
das impossibilidade
vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou
sem lamentar o tempo de
separação. Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas
oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a
maturação comum pudesse
se dar. E para que cada pessoa pudesse e possa ser,
cada vez mais a
expressão do outro sob a forma ampliada do eu
individual aprimorado.

(Artur da Távola)


Ajude a dar maior visibilidade ao Blog
Gostou? Então compartilhe com seus Amigos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário